Não conheço nada mais terrível do que pergunta não incomum
“O que eu fiz da minha vida?”
Ver uma pessoa atormentada pela sensação de ter desperdiçado
quarenta, cinquenta ou até sessenta anos de sua vida é uma agonia desumana. A
morte não seria tão insuportável se não fosse à chancela definitiva daquilo que
não se fez e não se viveu.
O que amedronta na morte é o desconhecido, a parte do
processo que não conhecemos e não conseguimos compreender. Sua realidade nos
atemoriza, porém o seu desperdício e o não aproveitamento do potencial de
nossas vidas que se constitui na mais terrível das experiências que podemos
passar.
Quem não vive a vida potencial desregula os meios entre a
vida e a morte e despeja os seus resíduos de morbidez e desespero entre os
vivos.
O acumulo dessas vidas não vividas são assombrações, que amargam e sujam
este mundo. Os fantasmas das vidas mal vividas são mais numerosos do que os
fantasmas gerados pelas grandes injustiças, pela crueldade ou até mesmo pelos
assassinatos.
Talvez seja a única forma real de desespero, pois corrompe
de maneira inexorável a fé. É muito mais fácil lidar com a frustração do que
nos foi impossível por limitações externas da realidade do que com a
impossibilidade geradas por nós.
Não podemos ficar fazendo concessão para diminuir a nossa
responsabilidade de viver ou que venha a diluir o terror e a impureza ao nos
alienar da responsabilidade de vivermos.
Está é a urgência da vida que nos escapa na rotina. Seria
fabuloso se pudéssemos assimilar o aprendizado nos momentos em que nos
conectamos com a realidade da Verdade e a honrássemos. Mas é difícil. Sabemos
disso, nós nos esquecemos. Não
conseguimos suportar a visão plena, sem véus, por muito tempo.
Mas quando estamos ameaçados de perder a vida percebemos
isso com uma nitidez assustadora. Nossos valores são outros e nossa busca mais
perene do que a repetição de experiências que se importantes do ponto de vista
afetivo, ao mesmo tempo nos são insuportavelmente efêmera.
Quando atingimos níveis crônicos onde temos a certeza do
nosso fim, o desperdício da vida é uma das piores misérias humanas, se não a
pior. Conseguimos ver a falta de sentido com que pautamos nossos dias e toda a
constatação do pesar de que talvez seria melhor não termos nascido.
Talvez esse seja o melhor conselho que se possa dar: “Não
tenha medo de retirar da vida um valor absoluto reconhecendo ao mesmo tempo a
necessidade de produzir sentido a ela”.
Quando somos confrontados por essa realidade, nos
atormentamos por uma carência existencial que só poderia se preenchida por
aquilo que menos temos no final da vida – Tempo.
Não existe prazer, sucesso, poder e propriedade que vá
conseguir preencher esse vazio.e nos sabemos pobres nesse momento, não por
falta de bens materiais mas porque entendemos que toda a nossa existência foi
desperdiçada. E agora nossas forças foram roubadas quando entendemos isso. É um
profundo desespero!
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Muito obrigado!
Fátima Jacinto