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sábado, 3 de maio de 2014

Temos em alta conta quem "se vira sozinho" - Mas todos nós precisamos de ajuda....



Somos uma sociedade individualista, e como a nossa temos em alta conta a nossa capacidade de nos virar sozinhos. Mesmo que possa parecer deprimente, admiramos a força que isso evoca a de “se garantir sozinho” é algo que é reverenciado em nossa sociedade. 

 Mas não fomos feitos para “nos virar sozinhos” precisamos de apoio. Precisamos de pessoas que nos ajudem na tentativa de trilhar outras e novas maneiras de ser e que não nos julguem por isso. Precisamos de uma mão para nos levantar quando cairmos ( e se formos nos entregar verdadeiramente a uma vida corajosa, vamos sem duvida levar alguns bons tombos). 

Sentimos necessidade de termos apoio, de sermos encorajados. Mas para isso temos que aprender a receber com um coração aberto, porque quando aprendemos a receber estamos também aprendo a nos doar de coração aberto. Só assim vamos parar de vincular julgamento á ajuda que recebemos e também a ajuda que damos. 

Todos nós precisamos de ajuda. Sei que não poderia está aqui agora se não tivesse tido ajuda da minha família na hora que recebi o diagnostico de câncer, o apoio de meus filhos e dos meus irmãos foram fundamentais. Assim como foi fundamental o apoio de livros e de amigos que encontrei no meio do caminho. A vulnerabilidade gera vulnerabilidade, assim como a coragem é contagiosa. 

A coragem é como uma bola de neve, quanto mais nos dispomos a ter mais a teremos. Minhas maiores transformações pessoais e profissionais ocorreram quando comecei a perceber quanto o meu medo de ficar vulnerável estava tolhendo meus objetivos e reuni coragem para revelar minhas lutas e pedir ajuda. 

Aprender a me entregar ao desconforto da incerteza, do risco e da exposição emocional foi sem duvida um processo doloroso. 

Eu acreditava que podia optar por não me sentir vulnerável, mesmo quando eu tinha medo ou mamava tão intensamente que só conseguia me preparar para perda, eu tentava controlar as coisas.  – quando o telefone tocava com noticias inimagináveis eu pensava que poderia controlar seja lá o que for. Essa foi uma fase muito dolorosa em minha vida, a época da perda do meu filho, mas sem duvida foi onde mais aprendi sobre entrega, vulnerabilidade e coragem. 

Eu controlava as pessoas as situações a minha volta. Fazia tudo até que não tivesse mais energia. Parecia corajosa pro fora, mas estava apavorada por dentro. Foi preciso um diagnostico de câncer para me fazer deixar cair a máscara da mulher que supera tudo, que consegue conviver com tudo sem precisar de ajuda...

Essa couraça era pesada demais para eu carregar e a sua única serventia era me impedir de conhecer a mim mesma, e de me deixar ser conhecida pelos outros. Era uma falsa proteção que exigia que eu ficasse encolhida e silenciosa por trás dela, sem clamar a atenção para minhas imperfeições e vulnerabilidades. Era exaustivo. 

Foi quando deixei a máscara cair que que comecei a aproveitar as oportunidades para crescer, comecei a correr riscos e a me mostrar para as pessoas de maneiras novas e inusitadas. Aprendi a estabelecer limites e a dizer “não”, mesmo quando ficava com medo de deixar alguém que amo magoado. Até então,  não me arrependi de nenhum “não” que disse, às vezes ainda me arrependo dos que não digo.

Nada transformou mais minha vida do que descobrir que é perda de tempo medir meu valor pelo peso da reação das pessoas nas arquibancadas da vida. Quem me ama e se importa não estará nunca na arquibancada, estará do meu lado, independente do resultado que eu possa alcançar. 

Tenho cada vez mais aprendido a ser mais vulnerável e corajosa por minha própria conta. Muitas vezes a minha maior ousadia é pedir ajuda. 

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Fátima Jacinto








A incerteza que sentimos quando nos expomos emocionalmente - Vulnerabilidade!



Vulnerabilidade é incerteza, são risco e exposição emocional. Acordar todos os dias e amar alguém que pode ou não retribuir, e cuja segurança não podemos garantir, que pode ou não estar em nossas vidas um dia e partir sem aviso no outro, pode ou não ser fiel até a morte ou nos trair no dia seguinte isso é vulnerabilidade. O amor é incerto e nos oferece risco incrível. Nos deixa expostos. É sem duvida alguma é assustador e sem duvida nós podemos sair muito magoados. Mas como imaginar a nossa vida sem amar e sem sermos amados?

 Viver com uma doença que nata 90% de quem a contrai por anos a fio, sem saber o que será o seu amanhã é desconcertante e te expõe a um tipo de emoção que machuca tão profundamente que você acaba por aprender a conviver com a vulnerabilidade.


 A dor de não saber se seus planos para o mês seguinte serão realizados, a dor de não saber se seus sonhos serão concretizados, é intensa. Não que algum ser humano ou qualquer outro ser vivente tenha uma garantia maior do que a sua, apenas no caso de um câncer a sua certeza não deixa nenhuma sombra de duvidas de que você caminha na via rápida do fim. Por isso fica tão dificil fazer planos para alguém que está lutando com um câncer.

Exibir nossa arte, nossos textos, nossas fotos e nossas ideias ao mundo, sem nenhuma garantia de aceitação ou apreciação, também significa nos colocar numa posição vulnerável. Quando nos entregamos aos momentos felizes de nossa vida, mesmo sabendo que eles são passageiros e que o mundo nos diz para não sermos felizes demais para não atrair a desgraça – essa é  uma forma intensa de vulnerabilidade. 

Sem duvida alguma vamos em qualquer um desses quadros acima vamos começar a enxergar os sentimentos como fraqueza. Com exceção da raiva ( que é uma emoção secundária, que serve apenas como uma máscara socialmente aceitável para muitas das nossas emoções secretas bem mais difíceis que experimentamos), estamos perdendo a tolerância em relação aos nossos sentimentos e, em consequência  disso perdemos toda a nossa vulnerabilidade.

Se quisermos recuperar a parte essencial de nossas emoções e sentimentos, vamos ter que assumir a nossa vulnerabilidade e acolher nossas emoções que resultam disso tudo.
Para mim é um aprendizado novo devo confessar, só comecei a pensar seriamente em me expor e deixar me ver depois do diagnostico de câncer, antes nunca em hipótese alguma isso passou pela minha cabeça. Nesses quatro anos aprendi que a melhor maneira de começar a lidar com minha vulnerabilidade é definindo e reconhecendo o que é vulnerabilidade.

Então vou deixar aqui com você uma pequena lista do que é vulnerabilidade para mim:
Vulnerabilidade é expressar uma opinião impopular./ é me defender e me impor/ é pedir ajuda/ é dizer “não” / é lidar com meu câncer sem me tornar vitima dele/ é tomar iniciativas/ é telefonar para alguém que perdeu um ente querido/ é voltar a viver depois de sair de um relacionamento violento/ é dizer “eu te amo” sem saber se será retribuída/ é mostrar o que escrevo/ é fazer planos mesmo sabendo que eles poderão não se realizar/ é tentar uma coisa nova/ é esperar um resultado de biopsia/ é admitir que sinto medo do me espera na hora da morte/ é demitir um funcionário, mesmo que seja a faxineira que não faz o serviço como você deseja/ é apresentar meu livro ao mundo e não ter retorno/ me impor para defender meus amigos quando ouço criticas a respeito deles/ é ser responsável/ é pedir perdão/ é ter fé/ é ter coragem de pedir ao meu oncologista que quando chegar minha hora quero ser sedada, não quero sofrer além da conta.

Por toda a minha vida a perda do meu filho, e o meu diagnostico de câncer um após, tudo isso soava para mim como fraqueza. Eu acreditava que me colocar ao lado de alguém que estava atravessando uma grande dificuldade era fraqueza. Que assumir a minha responsabilidade era coisa que só gente fraca faria. Hoje tenho uma visão completamente diferente do assunto.

NÃO. Ser vulnerável para mim hoje não é fraqueza ao contrario é ser verdadeira e é sinal de uma imensa coragem. Verdade é coragem nem sempre são confortáveis devo admitir, mas nunca são fraqueza. 

Se quando estamos vulneráveis estamos totalmente expostos, sentimos que entramos em uma câmara de tortura (é essa a sensação que a incerteza) nos dá assumimos um enorme risco emocional. Mas isso não é fraqueza. 

Tirar nossa máscara e ficarmos esperando que nosso verdadeiro eu não seja tão decepcionante não é fraqueza, é o encontro da coragem com o medo. 

Porque sempre que nos encontramos vivendo no meio da corda bamba, é uma sensação assustadora, mas muitas vezes a vida nos impõe vivermos ai por um bom tempo, eu estou vivendo exatamente ai desde que o Vinicius morreu a cinco anos e estou aprendendo.
Tem sido muito mais comum do que eu imaginava que seria ter minhas suadas e meu coração disparando a cada nova noticia decepcionante sobre a evolução do câncer, mas tenho conseguido me manter digamos dignamente em uma posição de equilibrista da corda bamba. Tenho medo, as vezes fico aterrorizada e em outras empolgada e esperançosa mas mesmo com todos esses sentimentos tão contraditórios tenho conseguido. 

Dei a muito tempo o primeiro passo no que mais temia que foi quando me sai de um casamento violento. Me sinto sim desconfortável e assustada, mas também me sinto humana e viva. As vezes penso que tenho um tijolo em minha garganta e um nó em meu peito.
Mas tenho sobrevivido acima da media não tenho nenhuma duvida sobre isso.

No meu caso por eu nunca ter trabalhado de carteira assinada, meus rendimentos caíram quase a zero, são apenas um salário mínimo do INSS, muitas vezes ainda tenho que engolir o orgulho e pegar no telefone e fazer o que ainda acho mais difícil de fazer que é pedir dinheiro para que possa cumprir as minhas necessidades básicas, ou mesmo algum exame ou medicamento mais car. Mas mesmo assim não tenho perdido o controle é infinitamente aterrorizante e doloroso mas é necessário. 

Tenho colocado tudo na conta do aprendizado. Vou sair desse mundo uma pessoa muito mis sabia do que entrei nele a mais de cinquenta anos. 

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Fátima Jacinto










sexta-feira, 2 de maio de 2014

A dor que nos corroi a alma de acreditarmos que nunca somos bons o bastante...



Hoje depois de tantos problemas que já passei consigo ver com nitidez  e clareza o como e o por que cada vez mais pessoas se esforçam para tentar acreditar que são suficientemente boas. 

 Percebo por todos os lados as mensagens subliminares dizendo a cada um de nós que a vida comum é uma vida sem sentido. E percebo mais ainda, que nossas crianças estão crescendo nesse ambiente doentio de reality show, de culto a celebridades e mídia social sem nenhum controle que vão absorvendo essa mensagem e desenvolvendo uma visão do mundo completamente distorcida.

 A primeira geração de jovens assim já está aqui junto a nós, nos mostrando o que nos espera. Eles vivem em mundo onde o valor que possuem é dado pela quantidade de pessoas que curtem suas postagens ou que aceitam suas amizades nas redes sociais.
Se nós adultos digamos “cabeça feita” somos suscetíveis á propaganda de massa que é deflagrada diariamente para “inspirar” esse tipo de comportamento, imagine um adolescente? 

A necessidade e a vontade que temos de acreditar que o que estamos fazendo tem real importância para o mundo e facilmente confundida com o estimulo que necessitamos para sermos extraordinários. 

É imensamente sedutor usar como parâmetro o culto a celebridade para medir a significância ou a insignificância de nossas vidas. As ideias de grandeza e a necessidade de admiração são um balsamo para aliviar a dor de sermos tão comuns e inadequados. Sim, porque na verdade é isso o que acreditamos que somos. 

Essa dor imensa que não nos dá paz, está transformando nossas ideologias, nossos comportamentos e nossos sentimentos e lentamente estão nos transformando e a nossa maneira de viver e ver a vida, como nos relacionamos como cuidamos dos nossos filhos, e como nos conectamos com outro. 

Estamos nos transformando em uma sociedade escassa de preenchimento de si mesmo. Estamos saciados da dor maior, que é a dor de nossa alma, que nos diz a todo momento que não somos nada, que não somos bons o bastante. 

Se pedirmos para um grupo de pessoas preencher frases com o que está lhes faltando, não demorará nem 15 minutos para que uma folha inteira de papel esteja preenchida com coisas do tipo:

Não ser bom o bastante, nunca ser perfeito o bastante, nunca ser magro o bastante, nunca ser poderosos o bastante, nunca ser bem-sucedido o bastante e por ai vai. ...

Pense nisso! E veja como estamos criando mais dor quando buscamos a aprovação em nós. 

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Fátima Jacinto

Narcisismo um problema de todos nós...



O que tem nos transformado em uma sociedade narcisista? Será que são as redes sociais? Porque as pessoas acham que o que elas estão fazendo é mais importante do que o que as outras fazem? Até nossas crianças hoje estão totalmente autocentradas. As pessoas estão cada vez mais se achando melhores do que todo o mundo e para confirmarem isso estão rebaixando o outro.


Não é preciso ser nenhum pesquisador para comprovar que isso já vem acontecendo a algumas décadas. Basta olharmos para nossas musicas a três décadas atrás e para as que estão aqui hoje. Hoje a tendência nas letras musicais é a hostilidade e o narcisismo. As letras musicais hoje não falam de “nós” e “nosso”. Apenas de “eu” e “meu”. Hoje não ouve mais musicas falando em solidariedade e em emoções positivas, as palavras de ordem são sempre sobre ira, sexo, comportamentos antissociais como o “ódio” e “matar”. 

Sem a menor duvida tudo isso tem contribuído para o que eu chamo de “Epidemia do narcisismo”. 

Nós nos transformamos em sociedade de pessoas egoísta e pretensiosas, que só se interessam por poder, sucesso, beleza e em se tornarem importantes. 

A coisa tem tomado um tal caminho absurdo, com a nova onda do selfie, que se alguém desconhecido estiver em uma situação de risco, e as pessoas em volta tiverem que escolher entre ajudar e ou fotografar, a opção de escolha tem recaído sobre a fotografia. E triste aterrador mas verdadeiro.

Estamos com nosso ego tão inflado que acreditamos ser superiores mesmo quando não estamos contribuindo com nada de relevante nem produzindo algo de valor?

Mas sempre que lemos um texto como esse, sabe o que pensamos, tudo isso é com os outros, não comigo é claro. E esse é exatamente o problema. Será que não é mesmo comigo?

É muito tranquilizador termos uma explicação, principalmente quando temos uma que faça com que nos sintamos melhores a respeito de nós mesmo, e depositemos toda a culpa nos outros.

Alias sempre ouço falar em narcisismo ele vem acompanhado de desprezo, raiva e julgamentos. 

Parece que queremos “curar” os narcisistas colocando os em seus devidos lugares. É como se disséssemos: “ Esses egocêntricos têm que saber que não são especiais, que não estão com essa bola toda, que não são os reis da cocada preta e precisam descer do salto alto” 

O que não conseguimos compreender é que o está determinando isso em nossa sociedade e em nós, é o medo terrível que sentimos da humilhação. O que significa que não iremos consertar o narcisismo de ninguém colocando-o em seu lugar, ou seja, lembrando-o de suas imperfeições e de sua mediocridade. Já que é a humilhação que causa esses comportamentos não será ela a cura deles. 

Na realidade quando rotulamos estamos sendo mais prejudiciais do que utíl para a cura e a mudança. 

Não estou falando aqui de culpar o sistema, já que acredito que temos que nos responsabilizar por nossos atos e comportamentos sejam eles quais forem. Mas temos que entender as causas para uma possível solução de como lidar com o problema. Que é grave não nos resta mais nenhuma duvida. 

Que tal se olharmos o problema pela lente da vulnerabilidade? Por exemplo, quando olhamos o narcisismo pela lente da vulnerabilidade vamos enxergar o medo da humilhação de ser ser alguém comum. Vamos também enxergar o receio que a pessoa tem de nunca se sentir bom o bastante para ser notado, amado, aceito ou para perseguir um objetivo. 

Muitas vezes o simples ato de humanizarmos um problema lança uma importante luz sobre ele.

Pense nisso!
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Fátima Jacinto 

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