Todas as nossas decisões, nossos problemas, nossos conflitos
são na realidade oportunidades de crescimento que temos, e que muitas vezes
estão ligados a dor e renúncia que somos capazes de suportar. Mas a ilusão de
que deveria ser fácil, sem dor, dificulta a nossa tomada de decisão, e assim
ficamos presos a impressões erradas, a empregos que não desejamos, esperando o
chefe ideal, o parceiro dos nossos sonhos.
Vivemos como se fosse possível deixarmos tudo em aberto.
Evitamos o máximo possível tomarmos decisões, e enquanto hesitamos, perdemos
algumas oportunidades valiosas. A postergação produz a frustração e todos
sabemos como ela é desgastante, esse sentimento de que somos arrastados de um
lado para o outro ou, pior ainda, querer exatamente aquilo que não temos.
É muito comum também querermos tudo ao mesmo tempo, mas sem
querermos pagar o preço por isso. Aliás pagar o preço pelo que desejamos na
vida, é sempre o nosso grande problema.
É difícil renunciar ás demais possibilidades. Mas escolher
significa fechar uma porta sempre. E muitas vezes como defesa nós desprezamos a
alternativa que recusamos. Vejo muito isso em mulheres que escolheram ter uma
profissão, serem ativas no mundo empreendedor, menosprezando as que optaram por
ser apenas mães e donas de casa. Elas se esquecem que somente quando atribuímos
o devido valor a todas ás alternativas é que na realidade decidimos, com força
e dignidade. Valorizar o que não realizamos apenas acrescenta algo a nossa
realização. Caso contrario não estaremos fazendo uma escolha estaremos fugindo
da escolha que foi preterida.
Mas desejamos sempre além do que podemos realizar, queremos
ser ativas profissionalmente, mas não queremos abrir mão de sermos boas mães e
boas donas de casa. Queremos morar perto da praia, mas não desejamos os efeitos
indesejáveis da maresia em nossos moveis...
E assim idealizamos expectativas sobre o meio em que vivemos
– sobre nosso parceiro, nossos amigos, nossa família, nossos filhos, nossos
políticos, sobre tudo em nossa vida. E esperamos em segredo que os outros se
comportem de acordo com nossas expectativas. Porém, eles não o fazem, não são
perfeitos, quanto gostaríamos que fossem.
E então começamos a castiga-los, descontando na cota do amor
a eles dispensadas, e em segredo, nos vingamos por não serem como gostaríamos
que fossem.
E nos esquecemos que esse é um jogo onde todos saem
perdendo, porque ficamos cegos diante do que é possível, quando fantasiamos
coisas impossíveis.
Não conseguimos reconhecer que o problema não está no outro,
no local ou em nossa família, mas sim em nós mesmos. Nos esquecemos que
carregamos a nossa incapacidade de nos relacionar dentro de nós, e por isso
acreditamos que sempre está nos faltando alguma coisa.
Ainda acreditamos no Paraiso na Terra, que nos contado em
nossa infância. Mas se quisermos viver a felicidade aqui, vamos ter que deixar
o paraiso onde os cristãos o colocaram, no além.
Temos que parar de sonhar com situações repletas de
satisfação, reconhecimento e bem estar para nossa vida, porque caso contrario,
vamos sempre acordar e olhar ao nosso redor e ver tudo igual, sem nenhuma
alteração por mais que mudemos de casa, de cidade, de parceiro, de turma.
Porque o problema está que sempre nos levamos juntos seja para onde for que
decidimos ir.
Acredita que vamos encontra alguma coisa nova e diferente
apenas com mudanças exteriores em nossas vidas, é decidirmos por sermos eternas
vitimas dos “outros”. Não fomos criados nesse mundo para sermos plenamente
felizes. Por isso assuma a sua responsabilidade por suas escolhas. Procurar por
nós mesmo do lado de fora, nunca iremos nos encontrar verdadeiramente.
Seu comentário é importante para o meu trabalho, deixe-o aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto