É de a nossa natureza querer se sentir digno de amor e aceitação. Quando
passamos vergonha, nos sentimos desconectados dos outros e ávidos por
valorização. Quando estamos sofrendo, seja por estarmos passando uma grande
vergonha ou apenas por sentir o medo dela, ficamos mais propensos a nos
entregar a comportamentos autodestrutivos e a atacar ou envergonhar os outros. A
vergonha corrói nossa coragem e promove nosso isolamento do mundo.
Precisamos ter resiliência que é a nossa capacidade de nos adaptarmos a
uma mudança, para passarmos pela vergonha ou pela humilhação e chegarmos na
superação e na aceitação da nossa vulnerabilidade.
Não resiliência a vergonha não é isso, mesmo porque isso seria impossível,
já que nos preocupamos tanto com os nossos vínculos, com o medo do isolamento, e
tudo isso acaba por se tornar uma força poderosa em nossa vida, e a dor que a
vergonha provoca será sempre muito real. O que precisamos na realidade é de
poder de enfrentamento desses sentimentos negativos.
A resiliência que falo é a nossa capacidade de sermos autênticos quando vivenciamos
a vergonha ou mesmo a humilhação, temos que encarar esses sentimentos sem
sacrificar nossos valores e passarmos pela experiência embaraçosa com mais
coragem, compaixão e conexão do que tínhamos antes.
A resiliência que falo aqui tem a ver com sair do sentimento de vergonha
ou de humilhação para o sentimento de afeto e empatia que é na realidade o verdadeiro antídoto desses sentimentos negativos.
Quando apesar de toda vergonha e humilhação conseguimos partilhar a
nossa sofrida historia com alguém que responda com solidariedade e compreensão,
eles vão perdendo sua força.
A autoaceitação é muito
importante para a nossa autocura. Porque quando nos autoaceitamos e somos compreensivos
com nós mesmos durante um episódio desse tipo, ficamos mais propensos a nos
expressa e anos abrir com alguém e liberar essa tremenda força negativa que
carregamos dentro de nós.
Mas para isso vamos ter que primeiro saber com o que estamos lidando. Porque
não sabemos lidar com a vergonha e nem com a humilhação racionalmente, agimos
como loucos, fazemos coisas que normalmente não faríamos ou diríamos.
Queremos que o outro se sinta como estamos nos sentindo, ou seja, mal
muito mal, cheios de dor de uma dor terrível que não nos deixa parar. Ficamos desesperados
querendo fugir, como um animal encurralado, xingamos, e gritamos como todo o
mundo como acreditamos que fizeram conosco, não conseguimos raciocinar.
Ao longo da minha vida cheia de vergonha e de humilhação fui descobrindo
uma coisa muito importante sobre a vergonha: A vergonha se alimenta
exclusivamente dos nossos bem guardados segredos.
E acabei por descobri uma forma de ir colocando para fora meus segredos
bem guardados e minhas vergonhas expostas. Comecei mais ou menos na época em
que meu casamento estava em fase terminal, a escrever um diário, eu escrevia
tudo o que me acontecia durante o dia, esperava todos irem para a cama,
colocava meus filhos para dormir, ia para cozinha e escrevia, e escrevia como
eu realmente havia me sentido diante de cada fato que me lembrava, aos poucos
fui me aperfeiçoando e comecei a falar também da minha infância, da minha adolescência
e quando percebi (se bem que na época eu não liguei um fato ao outro), eu criei
coragem para largar tudo e seguir minha vida, eu me lembrei por assim dizer que
tanto eu como meus filhos tinham o direito de serem felizes.
Depois disso continuei com essa minha “mania” de escrever, eu a tenho
até hoje como podem verem.
E se tem um conselho que gostaria de dar ao mundo é esse escreva,
escreva tudo oque você sente, é o melhor terapeuta que conheço até hoje.
Seu comentário é importante para meu trabalho, deixe-o aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto
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