Era o ano de 2009 estava vivendo uma das maiores
crises em minha vida, naquela época acreditava que nada pior poderia me
acontecer. Tinha perdido meu filho do meio a um ano, e não conseguia me articular, entender a vida sem ele. Tudo em
minha vida havia perdido o gosto, o sabor, não conseguia levar meu trabalho
a diante, estava paralisada diante da fatalidade que a vida havia me imposto.
O medo que sentia de encarar meus sentimentos me
travava, mantendo-me no mesmo lugar. Sair da minha zona de conforto, não era
meu forte, nem meu objetivo devo confessar. Alias esse era sem duvida meu maior
pavor. Queria apenas ficar em casa quieta, queria que o mundo me esquecesse.
Como muitas pessoas, naquela época eu também estava
preferindo suportar as situações penosas e desagradáveis do meu dia a dia,
conviver com elas a ter que mudar e partir para algo desconhecido.
Meu único objetivo na época era controlar, meus
impulsos, sentimentos, o movimento dos outros e o mundo ao meu redor, esse era
sem duvida alguma meu maior desejo naquela época.
Essa intensa necessidade de controle, feroz e
inconsciente que vinha do medo do julgamento, do que as pessoas poderiam está
pensado sobre o fato de eu ter educado mal o meu filho, acabou por se
materializar de uma maneira muito forte. Eu que tanto queria o controle da
vida, começava a dar sinais de que não tinha controle sobre o meu próprio
corpo.
Percebia que minhas forças estavam sumindo, sentia
uma intensa fraqueza e emagrecia a olhos visto, o que poderia ser motivo de
alegria, já que uma mulher pós menopausa, nunca emagrece com facilidade.
Eu não
sabia mas era o primeiro sinal que o câncer estava crescendo dentro de mim. Comecei ai minha peregrinação médicos,
exames, ressonâncias, tomografias, endoscopias, colonoscopia. Em menos de dois
meses minha vida havia se transformado em idas a laboratórios, e clinica.
Cirurgia, quimioterapia, e minha saúde só piorava,
nada conseguia fazer o câncer parar de crescer e se alastrar dentro do meu
corpo.
Os terríveis sintomas da quimioterapia se sucediam
dormência nos pés, dores que andavam por todo o meu corpo, náuseas, mal estar.
Junte se a isso o fato de que meu universo era o universo de uma clinica onde
todos ali tinham câncer, esse era o assunto recorrente no local como não
poderia deixar de ser.
Meu quadro era assustador, vivia no descompasso da
surpresa, qualquer novo sintoma que aparecia, era motivo para mais ansiedade e
medo. Ansiava por uma resposta e os médicos não conseguiam me dar. Tudo que
eles poderiam fazer era prescreverem mais quimioterapia, mudar a quimioterapia,
receitar uma nova quimioterapia monoclonal e caríssima, ai entrou em minha vida
a corrida a justiça para ganhar o medicamento.
A medicina convencional até hoje sabe muito pouco
ainda sobre o câncer na verdade eles tateiam no escuro. O câncer é sem duvida
uma doença mais desconcertante ainda para os médicos do que para nós pacientes.
Foi o que entendi por fim.
No mundo inteiro as terapias experimentais não
convencionais tem tido na verdade muito mais bons resultados do que a
convencional, aliás as terapias não convencionais só perdem para a medicina
convencional em um quesito, valor, ninguém consegue superar a medicina
instituída e convencional nesse quesito. Quando se trata de câncer então os valores são
astronômicos, e impossíveis de serem pagos pelo mortal comum.
As certezas que havia conseguido descobrir em minha
curiosa e incansável busca não eram nada animadoras.
Diante dessa dura realidade me desesperei, eu tinha
uma sentença de morte sob minha cabeça, mas nem assim consegui me entregar, não
é de forma alguma do meu caráter me entregar ao menos para isso me serviu o
câncer.
Foi necessário sentir as dores em meu corpo e em
minha alma, passar por um recolhimento, cuidar da minha mente e do meu espírito, para ver que havia outras possibilidades e oportunidades, vislumbrar
uma nova realidade. Nem melhor e nem pior apenas diferente, mais consciente do
meu ser, da minha existência da vida em si.
dores, emoções, sentimentos, impotencia,
Seu comentário é importante para meu trabalho, deixe-o aqui.Muito obrigado!
Fátima Jacinto
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