Somos uma sociedade individualista, e como a nossa temos em alta conta a
nossa capacidade de nos virar sozinhos. Mesmo que possa parecer deprimente,
admiramos a força que isso evoca a de “se garantir sozinho” é algo que é
reverenciado em nossa sociedade.
Mas não fomos feitos para “nos virar sozinhos” precisamos de apoio. Precisamos
de pessoas que nos ajudem na tentativa de trilhar outras e novas maneiras de
ser e que não nos julguem por isso. Precisamos de uma mão para nos levantar
quando cairmos ( e se formos nos entregar verdadeiramente a uma vida corajosa,
vamos sem duvida levar alguns bons tombos).
Sentimos necessidade de termos apoio, de sermos encorajados. Mas para
isso temos que aprender a receber com um coração aberto, porque quando aprendemos
a receber estamos também aprendo a nos doar de coração aberto. Só assim vamos
parar de vincular julgamento á ajuda que recebemos e também a ajuda que damos.
Todos nós precisamos de ajuda. Sei que não poderia está aqui agora se
não tivesse tido ajuda da minha família na hora que recebi o diagnostico de
câncer, o apoio de meus filhos e dos meus irmãos foram fundamentais. Assim como
foi fundamental o apoio de livros e de amigos que encontrei no meio do caminho.
A vulnerabilidade gera vulnerabilidade, assim como a coragem é contagiosa.
A coragem é como uma bola de neve, quanto mais nos dispomos a ter mais a
teremos. Minhas maiores transformações pessoais e profissionais ocorreram
quando comecei a perceber quanto o meu medo de ficar vulnerável estava tolhendo
meus objetivos e reuni coragem para revelar minhas lutas e pedir ajuda.
Aprender
a me entregar ao desconforto da incerteza, do risco e da exposição emocional
foi sem duvida um processo doloroso.
Eu acreditava que podia optar por não me sentir vulnerável, mesmo quando
eu tinha medo ou mamava tão intensamente que só conseguia me preparar para
perda, eu tentava controlar as coisas. –
quando o telefone tocava com noticias inimagináveis eu pensava que poderia
controlar seja lá o que for. Essa foi uma fase muito dolorosa em minha vida, a época
da perda do meu filho, mas sem duvida foi onde mais aprendi sobre entrega,
vulnerabilidade e coragem.
Eu controlava as pessoas as situações a minha volta. Fazia tudo até que
não tivesse mais energia. Parecia corajosa pro fora, mas estava apavorada por dentro. Foi preciso um diagnostico de câncer para me fazer deixar cair a máscara
da mulher que supera tudo, que consegue conviver com tudo sem precisar de
ajuda...
Essa couraça era pesada demais para eu carregar e a sua única serventia era
me impedir de conhecer a mim mesma, e de me deixar ser conhecida pelos outros. Era
uma falsa proteção que exigia que eu ficasse encolhida e silenciosa por trás
dela, sem clamar a atenção para minhas imperfeições e vulnerabilidades. Era exaustivo.
Foi quando deixei a máscara cair que que comecei a aproveitar as
oportunidades para crescer, comecei a correr riscos e a me mostrar para as
pessoas de maneiras novas e inusitadas. Aprendi a estabelecer limites e a dizer
“não”, mesmo quando ficava com medo de deixar alguém que amo magoado. Até então, não
me arrependi de nenhum “não” que disse, às vezes ainda me arrependo dos que
não digo.
Nada transformou mais minha vida do que descobrir que é perda de tempo
medir meu valor pelo peso da reação das pessoas nas arquibancadas da vida. Quem
me ama e se importa não estará nunca na arquibancada, estará do meu lado,
independente do resultado que eu possa alcançar.
Tenho cada vez mais aprendido a ser mais vulnerável e corajosa por minha
própria conta. Muitas vezes a minha maior ousadia é pedir ajuda.
Seu comentário é importante para meu trabalho, deixe-o aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto
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