Descobri que a confiança é construída em momentos
muito pequenos, que costumo chamar de momentos de “janelas entreabertas”. Porque
são nas pequenas e cotidianas interações com nosso companheiro ou companheira,
que encontramos uma possibilidade de conexão ou de distanciamento do
relacionamento que estamos construindo.
Quando pensamos em traição logo imaginamos alguém
em quem confiamos fazendo algo tão terrível que nos obrigue a pensar seriamente
em acabar com o relacionamento.
Qual é o pior tipo de traição de confiança que você
imagina? Ele te trai com sua melhor amiga? Ele mente sobre como tem gasto o
dinheiro em comum? Alguém está usando sua vulnerabilidade contra você?
Todas as traições são terríveis, sem nenhuma
duvida, mas existe um tipo especifico de traição que é ainda mais desleal e igualmente
corrosivo para a confiança em um relacionamento. E infelizmente é o que mais
vemos nos casos de violência doméstica.
É a traição que acontece antes de todas as outras
traições. Estou falando da traição do descompromisso. Do não se importar. De desfazer
o vinculo existente. De não desejar dedicar tempo e esforço ao relacionamento. A
palavra traição evoca experiências de falsidade, mentira, quebra de confiança,
omissão de defesa quando nosso nome está envolvido em intrigas ou fofocas e de
não sermos escolhidas como alguém especial entre tantas outras pessoas.
Esses comportamentos são traiçoeiros, mas não são as
únicas formas de traição.
Se alguém me pedisse para escolher a forma de
traição que mais marcou minha vida e que foi decisiva para a corrosão do meu
relacionamento por ter corroído o elo de confiança que existia ou que eu
imaginava existir, sem duvida alguma eu diria que é a traição do
descompromisso.
Quando as pessoas que amamos ou com quem temos uma
forte ligação param de se importar conosco, de nos dar atenção e de investir no
relacionamento, a confiança começa a se extinguir e a mágoa vai crescendo então
a partir dai.
Porque o descompromisso gera a humilhação e
desperta nossos maiores medos. Que são os medos: do abandono, da desvalorização
e do desprezo. O que acaba por fazer dessa traição obscura algo muito mais
perigoso do que uma mentira ou até mesmo do que um caso fortuito é o fato de
não conseguirmos localizar a fonte de nossa dor – não há nenhum acontecimento,
nenhuma evidencia, explicita de ruptura.
É isso acaba por deflagrar em nós o processo da
loucura.
Assim como a confiança, a maioria das nossas experiências
de traição se acumula lentamente. As grandes e visíveis traições só são
frequentes após um período de desinteresse e de corrosão lenta da confiança.
Bem a confiança é um dos produtos da
vulnerabilidade que cresce com o tempo e exige de nós trabalho e
comprometimento total. Confiança não é de forma alguma uma postura nobre, é
antes de mais tudo um conjunto de pequenas ações cotidianas.
Seu comentário é importante para meu trabalho, deixe-o
aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto
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