Sob o
golpe da noticia de uma doença grave como o câncer, ao saber que se pode morrer
em breve ou perder a pessoa amada, a gente bate a cabeça contra uma parede alta
e fria. Não falo só dos dolorosos rituais da enfermidade e da morte. Falo do
que é ainda mais sério: não ver mais sentido em nada. Porque até o dia da perda
vivemos sem pensar.
Corremos
desnorteados no tempo em que tínhamos, sem refletir e quem sabe sem valorizar
isso que agora perdemos: uma pessoa, a saúde, amor, posição, tudo. Se vivermos
superficialmente, na hora de meter as mãos em nosso interior encontraremos
desolação.
Não acho
que todos devêssemos ser filósofos, eremitas ou fanáticos em nenhuma religião.
Não acredito em poses e posturas. Não acredito nem mesmo em muita teorização
sobre a vida, a morte, a dor.
Mas
acredito em afetos e tenho consciência de que somos parte de um misterioso
ciclo vital que nos confere significação. E que dentro dele,
sendo insignificantes, temos importância.
Essa é uma
das razões por que a doença, e a perda têm segredos, beleza e virtudes que
antes não se manifestavam tão plenamente.
É lógico
não queremos perder. Não devíamos ter que perder nada: nem saúde, nem afetos,
nem pessoas amadas. Mas a realidade é outra: experimentamos uma constante
alternância de ganhos e perdas.
Perder dói
mesmo. Não há como não sofrer. É tolice dizer “não sofra, não chore”. A dor é
importante, também é o luto – desde que isso não nos paralise demasiado por
demasiado tempo para o que ainda existe em torno de nós.
Precisamos
de recursos internos para enfrentar as tragédias e a dor da vida.
O apoio
dos outros, o abraço, o ouvido e o colo, até a comida na boca são relativos e
passageiros. A força decisiva terá de vir de nós: de onde foi depositada a
nossa bagagem. Lidar com a perda vai depender do que encontraremos ali.
A tragédia
faz emergir forças insuspeitadas em algumas pessoas. Por mais devorador que
seja o mesmo sofrimento que nos derruba nos faz voltar a crescer.
Para
outros a, tudo é destruição. No seu vazio interior sopra o vento da revolta e
amargura. A perda os atinge como uma injustiça pessoal e uma traição da vida.
Vai
depender das escolhas que fazemos em nossa vida. Da forma como olhamos
para experiência em nosso dia a dia.
Mas creia
tudo nessa vida é apenas um grande aprendizado, e tudo o que temos é o que
conseguimos aprender de verdade. Cada dia mais sinto essa verdade, como sendo a
grande metáfora que norteou a minha caminhada até aqui, foi isso que sempre
passei aos meus filhos, e hoje orgulhosa vejo os frutos.
Não me
canso nunca de aprender, de querer mais e mais saber, tenho sede uma sede
enorme de aprender. E é isso apenas isso o que tem feito toda a diferença em
minha vida agora.
Seu comentário é importnate, deixe-o aqui.
Muito obrigado!
Fátima Jacinto
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