Em alguns momentos nossa vida, ela nos impõe desafios que nos deixam
perplexos, nos assustando diante do que esta nos está nos sendo exigido naquele momento. Hoje
depois de passar por tantos desses momentos entendi que eles acontecem para nos
ensinar e nos transformar, tirando de nós o que de outra forma não conseguiríamos
manifestar.
Quando passado o susto se conseguimos devolver ao mundo o que ele está
nos exigindo e não fugimos a responsabilidade em que a surpreendente situação
nos havia colocado acabamos por nos tornar pessoas mais ricas e fortes.
Já passei por algumas dessas situações inesperadas e desesperadoras,
quando fiquei gravida aos dezesseis anos, quando tive como única opção naquele
momento abandonar meu filho, e sair pelo mundo literalmente ‘sem lenço e sem
documento’. Quando me separei e fiquei
sem nenhum amparo da minha família com três crianças pequenas, quando perdi meu
filho e por fim agora lutando com o câncer.
Por isso sei que os desafios do
mundo podem ser de toda ordem, mas, porém o surgimento de uma doença tida como
incurável ou praticamente quando é severa, afeta todas as esferas da nossa
vida. Simples ações como caminhar, dormir, se alimentar, possam a receber outro sentido de valor ou
melhor, revelam o seu verdadeiro valor. O viver passa a se mostrar com menos
ambição de outra forma repleto de alegria pelo simples fato de se estar vivo,
podendo contemplar o espetáculo da existência que a todo o momento se manifesta
nesse maravilhoso planeta em que vivemos.
Ainda não consegui definir o que é pior, sentir se doente ou ver um ente
querido doente. Mas posso afirmar que cada desafio que a doença me oferece
senti-me mais determinada a buscar a solução a solução para o meu
restabelecimento a uma vida normal a uma vida onde coloquei todo o meu empenho
em na tentativa de ver a magia que é viver e aprendendo a dar importância
aquilo que faz a verdadeira diferença em nossa trajetória.
Tenho empregado muita energia e tempo de minha vida em aquisições que
não me levaram a tão almejada felicidade.
As dificuldades tem me servido
para descobrir a maneira correta de interagir com o mundo. Tenho buscado
oferecer minha percepção do que tenho podido aprender com o caminho da
superação das dificuldades que venho enfrentando com minha.
De uma pessoa muito rígida e séria tenho aprendido a amar mais a vida,
baseada em uma saúde mais completa que envolve corpo, espírito e alma.
Mas não se iluda nada nos é oferecido sem um preço. Neste caso, minhas
crenças sobre o que é saúde estão sendo postas á prova. Quando você aposta numa
forma de viver com ela altera todo nosso sistema de crenças e transforma nossa
concepção do era a vida até então. Porque na realidade estamos lidando com algo
muito serio e não tínhamos esta noção do quando isso acabaria por afetar todos
os meus valores até aqui.
Tenho trilhado tantos caminhos..., alguns convencionais com direito aos
mais modernos equipamentos que a medicina moderna e convencional nos mostra, e
outros tão antigos quanto o próprio fato de respirar. Quando nos damos conta
que mesmo diante do moderno, do caro, do progresso que vemos hoje, ainda assim
não temos como solucionar ou o que fazer em rente a uma doença incurável, nesse
momento nossa vida desaba, nem os médicos não conseguem se sentirem a vontade
diante da busca incansável da cura do ainda é hoje considerado incurável para a
medicina moderna e alopática, tudo perde suas forças.
O que tem dado errado em minha vida? Tenho feito tudo que se diz
adequado para ter uma vida agradável e sem problemas sérios. É claro que os
problemas sempre existem, as desavenças familiares, e outros problemas em
outros campos da vida. Mas quem de nós não os tem? Essas têm sido as perguntas
que tenho me feito nos últimos cinco anos, principalmente nos últimos meses.
Momento a momento tenho me visto perder minhas forças e minhas
esperanças em vários campos da minha vida. Tenho visto minhas forças irem
embora e não tenho conseguido colocar nada que realmente vala a pena em seu
lugar.
A sociedade que sempre acreditei que me amparava, tem me obrigado a
mudar cada vez mais minha forma de olha-la. Sou hoje obrigada a assumir que ela
não cuida de mim, que nunca cuidou, que jamais irá cuidar nem de mim, nem de
ninguém se quisermos ser bem sinceros.
Nos vemos cada vez mais dependentes de medicamentos caríssimos e
repletos de efeitos colaterais para o resto de nossa vida sem que com isso possamos
dizer com segurança quer estamos curados em alguma área de nossa vida. Conseguimos
sim muitas vezes a prorrogação e a propagação da doença ou das doenças com a
troca de sintomas ou talvez apenas a troca das manifestações dos sintomas e
efeitos adversos.
Não temos a vida confortável que tanto almejamos, pois esses
medicamentos na maioria dos casos nos limitam fisicamente e até
espiritualmente, sem falar nas limitações psicológicas que são infinitamente
nocivas. Isso sem contarmos é claro com os gastos familiares e com a enorme
renda que proporcionamos as empresas farmacêuticas no geral.
São nessas horas que não conseguimos ver mais o horizonte e muitos se
afastam de nós por medo ou talvez por não quiserem mais problemas em suas
vidas.
O que acaba se transformando em mais um grande baque em nossa vida,
porque acreditávamos que poderíamos contar com a solidariedade e a união, e
descobrimos a quebra do grande paradigma, tudo que temos agora é novo e muito
importante para nós.
Foi exatamente isso que aconteceu comigo nos últimos cinco anos, aprendi
a me entregar ao meu destino, de uma maneira mais equilibrada e natural. Tenho aprendido a cuidar de mim,
do meu corpo e da minha mente. Minha vida tem me revelado dia a dia um novo
caminho e uma novo jeito de caminhar. Essas entregas ousadas ao desconhecido
têm conseguido a resposta de uma antiga busca, de forma surpreendente tenho
tocado minha essência, que sem saber eu agora buscava ardentemente e nunca a havia
conseguido encontrar.
Agora aqui está ela diante de mim, pronta para ser tocada, vivida e
levada acabo.
Seu comentário é importante para meu trabalho. deixe-o aqui.
Muito Obrigado!
Fátima Jacinto